segunda-feira, 7 de maio de 2018

Conversas d'Ouvido com Playmoboys

Entrevista com os Playmoboys banda brasileira de indie rock pela voz do vocalista Conrado Muylaert, a banda é ainda composta por Barreto (bateria), Leo Nominato (baixo), Thiago Correa (guitarra), Israel Isquef (guitarra) e Bernardo Arenari (voz, sintetizador). Falar dos Playmoboys e não mencionar The Libertines é impossível, na medida em que foram "apadrinhados" por Carl Barât, Pete Doherty e companhia, tendo mesmo chegado a dividir o palco com a banda de "Up The Bracket". Estas e outras histórias, bem como um disco novo prestes a ser editado, podem ser descobertas em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Conrado Muylaert: É até difícil de saber a época exata, pois música sempre foi parte da minha vida. Apesar de só ter começado a compor e tocar instrumentos por volta dos quinze anos, eu sempre fui fã de bandas de rock, do tipo que sabia tudo sobre cada música dos meus artistas preferidos.

Como surgiram os Playmoboys?
Lá por volta dos quinze anos, eu comecei uma fase de compor muitas e muitas músicas. Era uma época que eu ouvia Nirvana, Clash, Cure, Smiths, o dia todo e servia como uma válvula de escape da minha fúria adolescente, como diria Kurt Cobain. E descobri que escrever canções funcionava ainda melhor, sendo uma forma de libertar sentimentos guardados em mim.
Com algumas canções prontas, chamei meu amigo de escola, Barreto, para formar uma banda para tocar essas composições. Ele, que já tocava bateria em outras bandas, ficou bastante empolgado com a ideia, e daí surgiu esse sonho que vivemos até hoje.

Recuando no tempo, sabemos que já deves ter contado esta história imensas vezes, mas como reagiram quando souberam que tinham conquistado a admiração dos The Libertines?
Essa é uma história que não me canso de contar, de tão surpreendente e divertida que foi. Na verdade, o contato entre as bandas se resumia a elogios do vocalista deles à nossa canção "Baby, There's no End", que tinha seu clipe exibido na BBC e também tocava nas emissoras de rádio da mesma. Tentei me aproximar mais deles, indo a shows de ambos os vocalistas, Carl e Pete, até que li nas revistas que eles viriam ao Brasil fazer um show em São Paulo. No mesmo dia que soube, enviei um e-mail para o empresário deles, sugerindo a possibilidade de um show intimista, para 100 pessoas. Nunca imaginei sequer que seria respondido. E de uma maneira mágica, tudo deu certo e se encaminhou para o show mais importante de nossa carreira.

Como foi dividir o palco com eles?
Foi tudo muito repentinamente. Eu havia conversado com o Carl, que iria se apresentar sozinho, voz e violão, sobre o que ele achava de tocarmos uma música juntos, Playmoboys com eles. Imediatamente ele disse que não daria certo tocarmos sem ensaio. Então, parecia que não iria acontecer. Até que, no meio do show solo dele, o Gary (baterista) me chamou para o palco. O Carl cochichou no meu ouvido perguntando se minha banda sabia tocar as músicas e em seguida, chamou todos. Tocamos várias canções juntos, do Dirty Pretty Things e do Libertines.
Playmoboys - "Sadly True"
Recentemente lançaram o single “Sadly True”, já podes antecipar um pouco o que podemos esperar do futuro disco?
Posso dizer que, nesse disco, nossa tentativa de fazer algo moderno e original foi, em nossa opinião, muito bem sucedida. Algumas mudanças são facilmente perceptíveis em relação aos trabalhos anteriores, como a presença de sintetizadores em quase todas as faixas e uma liberdade estrutural que possibilitou a construção de músicas assimétricas em termos de versos, ponte, refrão. Mas também mantivemos canções radiofônicas como "Just to be the One" e "Wake Up".
Esse disco ainda tem participações especialíssimas: Angelica de La Riva na faixa "From the Real World" e Ivy Hoodrave, repetindo a parceria de "Baby There's no End", ocorrida há 5 anos, agora em "Just to Be the One".

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Por um bom tempo, não conheci nada além das lendárias bandas portuguesas, como Xutos E Pontapés, GNR, e outras já com longo tempo de estrada. De uns cinco anos para cá, conheci bandas de indie rock portuguesas que gostei muito. Todas recém lançadas. 
E em 2016, fizemos uma pequena tour em Portugal, e tivemos contatos com outros artistas, todos muito interessantes. 

Como gostas de descrever o vosso estilo musical?
O termo indie rock acaba abrangendo muita coisa e é minha resposta automática para essa pergunta, apesar de termos referências de artistas diversos, de movimentos diversos.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
Playmoboys é formada por dentista, engenheiro, médico, psicólogo. Acredito que eles tenham grande paixão nas áreas que atuam. Eu, particularmente, também sou escritor e tenho essa paixão pela literatura.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Acredito que poder colocar suas emoções em músicas é algo muito interessante. Para mim, a grande vantagem é também a maior desvantagem, pois revirar sentimentos a todo tempo é bem complicado.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Eu ouço de tudo mesmo. Mas, em relação às minhas composições para Playmoboys, cito The Smiths, The Cure, Nirvana, Clash.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Streaming.

Qual o disco da tua vida?
"Is this It", The Strokes.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
"Greatest Hits", Mando Diao

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Sinceramente, ando ouvindo playlists prontas de indie rock, pop e música brasileira, sem grandes descobertas, mas, sim, redescobertas de artistas que não ouvia ultimamente como Metronomy, The Killers, etc.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Na minha opinião, as duas situações mais embaraçosas: tocar para ninguém, e o público ignorar seu concerto. E essas duas situações já aconteceram conosco.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Paul McCartney

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Das bandas que estão em atividade, The Strokes ou The Killers. E reencontrar The Libertines.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Tenho esse sonho de actuar num grande festival europeu.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
The Libertines, ano passado, em Brighton-UK.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Já assisti todas as bandas de rock que gosto (que estão em atividade). Tenho muita vontade de assistir alguns artistas pop e espero conseguir em breve.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Nirvana no Reading Festival

Tens algum guilty pleasure musical?
Não digo guilty, mas uma curiosidade, talvez: Gosto muito de música pop, o que talvez soe estranho para um roqueiro. E ouço no carro mesmo, artistas como Britney, Taylor, Rihanna, Justin Timberlake...
Playmoboys - "Wake Up Wake Up"
Projectos para o futuro?
No próximo dia 11, lançaremos o clipe mais aguardado do novo álbum, da música "Just to Be the One". E em Junho, o álbum novo estará disponível oficialmente. No segundo semestre, seguiremos divulgando o novo trabalho e pretendemos fazer alguns shows no Brasil e na Europa.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Eu gostaria que algum dia me perguntem, com motivo, sobre como é minha relação com a fama e fortuna. Atualmente, a resposta seria: Uma relação distante. (risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"You Only Live Once" -The Strokes

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Eu acredito que não vou morrer. Acho que vai acontecer algo como naquele filme "Cocoon", que os ET's trazem a imortalidade. Mas, caso esse inesperado aconteça, gostaria de tocasse uma música da Playmoboys que combinaria bastante com o evento: "Baby, There's no End".

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Muito obrigado pela ótima entrevista, bem ampla e divertida.

Como habitual terminamos com música, neste caso com o mais recente single "Sadly True", que irá integrar o futuro disco dos Palymoboys, "Wake Up Wake Up".

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