sábado, 18 de novembro de 2017

Conversas d'Ouvido com This Penguin Can Fly

Entrevista com os This Penguin Can Fly, trio nacional que mergulha sem medo num mar de rock instrumental, com nuances de post rock. Banda composta por Márcio Ferreira (baixo), Miiguel Azevedo (guitarra) e Zé Manel (bateria). Este ano editaram o primeiro LP, o que faz desta a altura ideal para os conhecermos melhor. Nesta descontraída conversa falamos não só do disco de estreia, mas também percorremos as suas influências, paixões, discos de uma vida e projectos futuros. Resumindo, há muito para descobrirem nesta edição das Conversas d'Ouvido...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Márcio Ferreira(MF): No meu caso específico acho que parte um bocado da família e da zona onde moro, que sendo uma pequena vila chamada Caldas das Taipas localizada entre Guimarães e Braga, sempre teve uma forte dinamização musical local com inúmero projetos de rock e alternativos.
Miiguel Azevedo (MA): Acho que um processo comum a muita gente. Comecei por ouvir música com o meu pai desde muito pequeno, mais tarde influências na escola do pessoal mais velho até atingir um gosto próprio pela música, que desenvolvemos sempre ao longo dos anos.
Zé Manel (ZM): Basicamente comecei a ouvir música através do que havia lá em casa, nos inícios dos anos 90, com o que o meu irmão ouvia. Depois, comecei a consumir a minha própria música talvez pelos 12 anos. Recordo-me de ir a uma loja de música com 5 contos comprar o "The Fat of the Land" dos Prodigy.

Como surgiu o nome This Penguin Can Fly?
MA: Nomes atirados para o ar, sem qualquer tipo de significado, apenas nomes que nos soassem bem. Um de nós, dizia sempre na brincadeira “flying penguins” e foi daí que surgiu o nome da banda.
This Penguin Can Fly - "Caged Birds Think Flying is a Disease"

Editaram este ano o vosso LP de estreia, “Caged Birds Think Flying Is a Disease”, que dificuldades sentiram no processo que culminou com a gravação do disco?
MA: Foi um marco importante para banda a edição deste disco, desde logo pela entrada do Márcio, que foi a maior dificuldade encontrada na altura de gravação e ao mesmo tempo a lufada de ar fresco que a banda precisava.
ZM: Foi uma altura algo delicada, pois tivemos a troca de um dos membros da banda em plena gravação. Olhando para trás, creio que isso nos instigou ainda mais para evoluir os temas e partir para outros caminhos. Acabou por ser um processo difícil mas compensador. É o disco que queríamos.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
MF: Não gosto de rotular um projeto musical com um estilo, acho demasiado limitador. Tal como o álbum mostra não temos algo que nos prenda e gostamos de ser assim.
MA: Rock Instrumental.
ZM: Sim, Rock instrumental. Somos um Power Trio com alguns quês de Post-Rock e Kizomba.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
MF: Fotografia e Viagens
MA: Babes.
ZM: Tias Milfs. (risos)

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
MF: A dificuldade de muita gente perceber que pode existir vida de músico e que não é apenas um hobbie.
MA: A vantagem é fazer aquilo que gostamos, como qualquer outro lazer, somos músicos apenas porque gostamos de música. Como desvantagem, tenho que referir a grande quantidade de dinheiro que investimos para ensaios e concertos que muitas vezes não é recompensado.
ZM: O dinheiro, tempo e energia que se gasta. É, pessoalmente, um passatempo que tento levar da forma mais profissional possível. Dá para concretizar alguns sonhos e experiências únicas e é isso que vamos levar disto.

Quais as vossas maiores influências musicais?
MF: No meu caso vem do Rock e Funk mas talvez os nomes mais sonantes seriam Jamiroquai de forma internacional e Zen de forma nacional
MA: Depende dos dias, ultimamente: Post-Rock e Math-Rock.
ZM: Do Rock alternativo ao Indie eletrónico. Muita coisa mesmo.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
MF: CD, Vinil.
MA: Ouço muita música enquanto conduzo por isso mp3.
ZM: CD e MP3.

Qual o disco da vossa vida?
MF: The Privilege of Making The Wrong Choice dos Zen
MA: Nevermind.
ZM: Vou dizer 3: Radiohead – In Rainbows; Arcade Fire – Funeral; Achtung Baby – U2.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
MF: A Moon Shaped Pool - Radiohead
MA: Grow – Chon.
ZM: To Pimp a Butterfly – Kendrick Lamar

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
MA: Mammoth Penguins.
M: Tenho no carro o "American Dream" dos LCD Soundsystem e o "Hypersex" do Moullinex. Descoberta recente, neste ano foram duas: Beach Fossils e Jay Som.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
MF: No meu primeiro concerto com este projeto a strap rebentou a meio do concerto e tive que tocar o resto sentado.
MA: Quando comecei a tocar com banda não tinha dinheiro para um simples afinador. Tocar com afinação de ouvido feita no soundcheck e começar o concerto com a guitarra completamente desafinada. Mais que embaraçoso, triste.
ZM: Exactamente esta que o Miiguel disse.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
MA: Gostava de tocar o último álbum com uma orquestra completa.
ZM: Algo inóspito tipo o Nicolas Jaar.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
ZM: Para os And So I Watch You From Afar.
MA: Como assim abrir? Deixava os Linda Martini abrir para nós, se quiserem… (risos)

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
MA: Splendour in the Grass só porque é na Austrália.
ZM: Palco principal de Paredes de Coura.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
MF: Cory Henry and The Funk Apostles
MA: And So I Wacth You From a Far em Paredes de Coura.
ZM: Arcade Fire, Paredes de Coura, em 2005.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
MF: Jamiroquai, Tingsek
MA: The Vines, Sonic Youth.
ZM: Creio que já vi tudo o que queria, mas Deftones e Tool, porque já os vi há muito tempo e gostava de rever.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de ter estado presentes?
MA: O Unplugged dos Nirvana.
ZM: Há muitos mas vou dizer Oasis no estádio de Wembley, em 2000.

Têm algum guilty pleasure musical?
MA: Muitos, gosto de ouvir música POP, como Lady Gaga, Justin Bieber e The Chainsmokers.
ZM: Quando entras nos 30 não há guilty pleasures. Estou velho para isso.

Projectos para o futuro?
MA: Tocar para o maior número de pessoas possível, tocar por todo o mundo.
ZM: Falou bem o Miiguel.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
MA: Que saldo temos, relacionando o material que compramos, ensaios, deslocações com aquilo que fazemos enquanto banda em vendas e concertos. A resposta deve rondar os 3000€…. Negativos, claro!

Que música de outro artista, gostariam que tivessem sido composta por vocês?
MA: "Harper Lewis" – Russian Circles.
ZM: A música do Parabéns a Você.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
ZM: A "In Between Days" dos The Cure, a "Lonesome Day" do Bruce Springsteen e a "Pump Up the Jam" dos Technotronics no final.
MA: "Are You There?" dos Mono.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Para terminarmos em grande ficamos ao som do mais recente single "A Heartbeat is More Unique Than a Fingerprint", extraído do LP de estreia Caged Birds Think Flying is a Disease

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