terça-feira, 21 de novembro de 2017

Conversas d'Ouvido com El Señor

Entrevista com El Señor, trio nacional de rock'n'roll, proveniente de Fafe e composto por Guilherme (voz, guitarra), Michel (baixo) e Vitor (bateria). Foram finalistas do Vodafone Band Scouting 2016, este ano integram a colectânea "Novos Talentos Fnac" e editaram o Ep de estreia Alvorada Beat. Na sua sonoridade denotamos influências do mar, da praia e do verão, no entanto é no Outono que os El Señor vêm "surfar" no Ouvido Alternativo, para um conversa descontraída e despretensiosa, nesta edição das "Conversas d'Ouvido"... 

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Guilherme (G): Quando descobri lá em casa uma cassete do A Hard Day’s Night.
Michel (M): Quando era miúdo a ver canais como MTV e VIVA (VIVA SWISS).
Vitor (V): Quando peguei nos cd's do meu pai.

Como surgiu o nome El Señor?
G: Tínhamos de ter um nome para submeter um vídeo para o Vodafone Band Scouting. O Michel sugeriu El Señor Presidente. O Presidente saiu.
M: Foi muito à pressa, pesquisei por “livros banidos pelo governo” e surgiu El Señor Presidente.
V: Isso é tudo mentira. Estávamos no Sr. Ribeiro a beber uma água das pedras antes de irmos para o nosso covil ensaiar, quando nisto nos aparece um gajo bem alto de gabardine a perguntar se queríamos umas K7’s de borla e que era o El Señor. Desde esse dia nunca mais o vimos. Eles têm é vergonha de contar isto.
El Señor - "Alvorada Beat"
Editaram este ano o vosso EP de estreia “Alvorada Beat”, para os mais distraídos que ainda não o ouviram o que podemos esperar?
G: Não sei, espero que possam esperar uma cena fixe.
M: Um som que faz lembrar um dia de verão.
V: Podem esperar um som que os fará levantar da cadeira e dar um pézinho de dança.

Ao ouvirmos a vossa música lembramo-nos dos The Beach Boys, será possível que venham a compor uma música intitulada “Surfin Queimadela”? (risos)
G: Ahah, não me parece. Queimadela, na época alta, é a Póvoa de Varzim de Fafe. Gosto de ir lá, em dias de menos confusão, mas não creio que lhe dedique uma música.
M: Adorei a ideia e vou ter de falar com eles sobre isso. Mas também é um bom nome para o próximo disco.
V: Nós gostamos de ir para lá num final de tarde. É um spot muito fixe. Quem sabe se não poderá ser o nome para uma música.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
G: Não gosto porque não sei bem o que dizer. Mas o pessoal gostou daquela cena do ié-ié minhoto.
M: ROCK.
V: Rock badalhoco.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
G: Sim. Caminhar ao luar enquanto ouço Air Supply. Depois gosto de ler uns livros, ver uns filmes, comer, beber. A do Vitor é o bagaço. (risos)
M: Gosto de gatos, memes, queijo, cerveja e de organizar eventos com os meus amigos da Malfeito.
V: Opá, eu estou como eles. Gosto muito de sair com os meus amigos, beber uma ou outra cerveja, fazer umas cenas com o pessoal da Malfeito. Aquela cena do bagaço é mentira. (risos)

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
G: Fazemos uma coisa que nos dá muito prazer e conhecemos sítios e pessoas novas. Grande parte é gente incrível. Desvantagens são óbvias, para uma banda do nosso meio e dimensão.
M: Enquanto há saúde vou fazer isto. A maior desvantagem é não ter tempo e tanta disponibilidade para outras coisas como estar com a família e namorada.
V: Vantagens são várias, conhecer gente e sítios incríveis, fazer novas amizades, etc.
Existem bastantes desvantagens, tais como passar fome em viagens devido aos preços exorbitantes das áreas de serviço.

Quais as vossas maiores influências musicais?
G: Beatles, e depois o resto.
M: The Sound, The Chameleons e muitas outras.
V: Arctic Monkeys (calma, até ao 3.º álbum) e tudo o que seja audível é uma boa influência musical.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
G: Refastelado, via vinil, cassete ou CD, sem computadores ou telemóveis por perto. Mas o que acaba quase sempre por acontecer é usar o streaming.
M: Gosto do vinil e K7, mas acabo por usar muito o YouTube ou Bandcamp.
V: Nas nossas viagens é tudo Cd ou via telemóvel. Pessoalmente prefiro o vinil a todos os outros.

Qual o disco da vossa vida?
G: Sgt. Pepper’s.
M: O primeiro disco dos Arctic Monkeys porque me fez querer levar esta vida.
V: Humbug.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
G: Good Boys, dos Stone Dead; 1755, do Vaiapraia e as Rainhas do Baile.
M: Todos os discos lançados em 2017 pelos King Gizzard.
V: Linhas de Baixo, 800 Gondomar e o Nonagon Infinity dos King Gizzard.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
G: Os últimos de 800 Gondomar, Dan Auerbach, Alex Cameron e King Krule. Ando a ouvir outra vez o The Queen is Dead, já não ouvia o disco há imenso tempo. Vai ser - ou já foi - reeditado. Os Buzzcocks vieram de arrasto, não sei bem porquê. Descobertas? Uma relevante e que foi a última: Acid Tongue. Tive a sorte de os ver em Fafe num concerto promovido pela Malfeito. Isto dá-me jeito porque assim falo da Malfeito, que é uma promotora que nós criámos com um amigo nosso. É isso, Malfeito. Sigam-nos.
M: Acid Tongue, B Boys, Bass Drum of Death e Sugar Candy Mountain.
V: Ultimamente ando colado em 800 Gondomar como referi ali em cima, The Oh Sees no geral, Buena Vista Social Club, Charles Mingus.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
G: Nada de mais, acho eu. Talvez quando parti uma corda e três guitarristas, incluindo eu, não a conseguiam mudar. Não havia mais guitarras, o concerto ficou parado bastante tempo. Mas tranquilo, foi grande noite na mesma.
M: Esquecer-me de como se tocava uma música.
V: Normalmente nunca acontece nada de embaraçoso durante um concerto mas sim durante as viagens ou pós-concerto. A cena que se possa dizer embaraçosa que tivemos foi dar um concerto às 2h30 e a primeira metade do mesmo, devido ao álcool que tínhamos a correr no sangue, ser má.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
G: Com o RINGO.
M: Sunflowers, 800 Gondomar, Fugly e Moon Preachers e KVB.
V: Com a super band Dinozorg, ROCK.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
G: Curtia abrir para Tijuana Panthers. Mais porque gostava muito de os ver.
M: Tijuana Panthers.
V: Tijuana Panthers, sem dúvida.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
G: Vou ser nacional, deixo o inter para eles. Eu tinha um sonho de menino, que era tocar no Black Bass, em Évora. Não conhecem? Deviam. Como isso já vai acontecer, vou dizer o palco 2 de Paredes de Coura.
M: Nacional talvez Paredes de Coura e na Meo Arena. Internacional talvez no Hickey Fest na Califórnia.
V: Paredes de Coura porque foi o meu primeiro festival. Internacional o Beach Goth.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
G: Difícil. Mas não vou pensar muito. Paul McCartney em Madrid.
M: U2, Bo Ningen, Rage Against the Machine, Oasis e Chameleons VOX
V: É difícil de escolher, mas King Gizzard and the Lizard Wizard das duas vezes que os vi, Air, Arctic Monkeys, The Oh Sees, Black Lips, entre outros.

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
G: Neil Young. O Michel vai dizer “já o vi” mas eu vou cagar nele. (risos)
M: David Gilmour, Nick Cave.
V: Nick Cave, King Krule

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
G: Leonard Cohen em 1970, no Isle of Wight. Há um documentário sobre esse concerto que eu aconselho muito. Ele tinha aquela aura mística e enigmática, e acredito que o que ali se passou, dadas as circunstâncias, foi realmente especial. Vejam, que percebem. Ou então não.
M: Pink Floyd em Pompeia.
V: Santana no Woodstock.

Têm algum guilty pleasure musical?
G: Não me estou a lembrar de nenhum. Aliás, se é pleasure não é guilty.
M: Britney Spears.
V: M.I.A.

Projectos para o futuro?
G: Dar tudo no resto dos concertos que temos agendados. Pausar um bocado para arejar e fazer coisas novas. Ir para o covil até estar tudo nos conformes. Gravar.
M: Gravar um álbum.
V: Arejar no nosso covil e gravar.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
G: Existiu algum nome antes de El Señor? Eu diria que sim, que foi Flying Smokestacks, e que até deram um concerto.
M: O que é que os vossos pais acham disto? Já não dizem nada.
V: Têm algum ritual antes de entrar em palco? Beber uma cerveja e dar um abraço bem grande em rodinha.

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
G: Hoje, porque isto depende do dia, pode ser a "I Don’t Want To Grow Up", do Tom Waits.
M: "Echoes" dos Pink Floyd.
V: Concordo com o Guilherme por isso vai a "Coração" dos 800 Gondomar.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
G: "Hallelujah", do Cohen. Estou a brincar, é épica e fabulosa, mas punha toda a gente a chorar. Tenho tempo para pensar, ao contrário do Michel, que já tem 27 anos. (risos)
M: "Second Skin" dos The Chameleons. Vitor, olha o Guilherme a ser má onda. (risos)
V: Já sabia que essa era a tua escolha Michel. "4’33" do John Cage.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.


Terminamos ao som do mais recente single "Dragging Smiles", extraído do Ep de estreia "Alvorada Beat"

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