segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Conversas d'Ouvido com Man Without Country


Entrevista com Man Without Country, projecto do músico e produtor britânico Ryan James, cuja sonoridade mergulha numa electrónica introspectiva, com forte carga audiovisual. Inicialmente em formato duo, MWC já abriu concertos para nomes como M83, Alt-J e Warpaint. Após uma pausa de dois anos, Ryan James está de regresso com Man Without Country, tendo lançado recentemente o "double A-side" "Lion Mind/Jaws Of Life", prepara ainda no futuro próximo a edição de um novo disco, enquanto esse dia não chega, Ryan James "senta-se connosco" para uma "Conversa d'Ouvido"...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Man Without Country: Quando era pequeno tive contacto com alguns instrumentos musicais, assim como o piano e a corneta. Mas foi quando descobri o Heavy-Metal e a guitarra eléctrica, que a paixão musical se desenvolveu.

Como surgiu o nome Man Without Country?
Um dia estava a ver o filme The Terminal, com Tom Hanks, para mim o melhor filme do ator. Em certa altura há uma cena em que uma das personagens diz, “Here’s a Man Without Country” e, por alguma razão aquela frase ficou-me na cabeça. Algum tempo depois, descobri o livro de Kurt Vonnegut, de nome “A Man Without a Country”.

Enquanto artista independente, quais as principais dificuldades que tens sentido?
Não tenho tido grandes dificuldades, felizmente. Apenas, o facto de ter de consumir algum tempo, em funções que antigamente nao me preocupavam.
Vale sem dúvida o esforço por ter o controlo do que faço e deter os direitos da minha música.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Uma mistura de sintetizadores com influências da electrónica dos anos 80, com produção moderna, juntando o reverb das guitarras e letras pungentes.

É impossível não reparar na elevada preocupação estética que acompanha a tua música, para ti a música é elevada a outro patamar quando acompanhada por forte carga audiovisual?
Sim, penso dessa maneira. Porque o que nós vemos afecta o som que ouvimos e vice-versa.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Nem por isso… (risos)
A minha mente está sempre ocupada a pensar em música. Quando termino esse meu trabalho e decido fazer outra coisa, gosto de ir passear em família junto com os meus três cães.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A vantagem será a liberdade que tens de te exprimires da maneira que amas e, em full-time. Também o facto de veres o efeito positivo ao afectar uma pessoa.
Uma desvantagem, será a avaliação constante do que estás a fazer e se é ou não bom o suficiente. O que para mim muitas vezes pode levar à ansiedade e até mesmo questionar o caminho certo na vida.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Phil Collins, John Grant e Ben Gibbard dos Death Cab for Cutie e ainda The Postal Service.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Normalmente uso o Spotify (Streaming), é bastante conveniente para mim, para descobrir nova música.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Por algum tempo, parecia matar a música, mas as empresas como o Spotify, deram um salto no que toca aos royalties de streaming. Há um maior potencial a nível de expor o trabalho através de playlists, nas colaborações de artistas similares. Vejo uma maior oportunidade para os artistas fazerem render a sua música, com a música digital.

Qual o disco da tua vida?
Boa pergunta! Vou optar por Transatlanticism dos Death Cab for Cutie

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Maravilhado? Hmmm. Penso que Immunity de Jon Hopkins.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Neste momento ando a gostar bastante do mais recente álbum dos Alvvays, e ainda dois singles pela Ionnalee, dos Iamamiwhoami.

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Muitas falhas técnicas! Mas o pior acontecimento que me lembre, foi há uns anos em Cardiff, quando o PA bloqueou três vezes, dando um som horrível e bem alto desse bloqueio. O concerto durou uma música e meia, não houve condições para continuar…

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Sem sombra de dúvidas, Phil Collins.

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Uma pergunta bem difícil, mas irei por Depeche Mode.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Falando de Portugal, adoraria pisar o palco do Primavera.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
John Grant and the Royal Northern Sinfonia em Bristol.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Ainda não tive oportunidade de ver Sigur Rós, mas ja vi o Jónsi, o que foi fantástico.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Phil Collins, Live and Loose em Paris, 1997.

Tens algum guilty pleasure musical?
Neste momento, talvez Anne-Marie.

Projectos para o futuro?
Há alguns, depois do AA-Side ter sido lançado no passado dia 18 de Setembro, estou a trabalhar em novas colaborações e remixes. Por vezes tem sido difícil conseguir tempo para tudo, visto que mais para o final do ano irei anunciar um novo álbum.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Perdeste peso?”
Sim, por acaso perdi! Obrigado por reparares!”.
(risos)

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
Eu prefiro admirar e adorar o trabalho desses artistas, do que desejar que fosse eu a compor.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Machine Gun" dos Portishead.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Obrigado eu.

Guardamos como habitual o melhor para o fim e terminamos ao som do single "Lion Mind", que conta com a colaboração da cantora e compositora finlandesa Sansa.

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