quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Conversas d'Ouvido com Kadu Magalhães


Entrevista com o cantor e compositor brasileiro Kadu Magalhães, que navega nas águas do pop folk, com forte presença da MPB. O músico proveniente do estado do Rio de Janeiro, apesar de viver do outro lado do Oceano, apresenta uma forte ligação a Portugal, bem patente nas suas origens. Neto de um português, Kadu Magalhães procura descobrir as suas raízes e redescobrir a música brasileira, mudando-se de armas e bagagens para Portugal. O seu vínculo ao nosso país está bem patente no seu EP "Retorno", editado recentemente. Em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido", falamos entre outras coisas das pontes que unem Portugal e Brasil... 


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Kadu Magalhães: Não consigo pensar em um momento em que a música não estivesse presente na minha vida. Meu pai tinha um monte de CD's e discos de vinil de todos os estilos e se orgulhava muito da coleção, era algo que tínhamos em comum e eu ficava fascinado podendo ter todo aquele “poder" nas mãos. Ouvir os CD's do meu pai era uma espécie de evento pra mim e tenho certeza de que foi de lá que tudo começou.

Sendo neto de um português, em que medida esse facto influenciou a tua decisão de vires viver para Portugal?
Desde pequeno, sempre ouvi muitas histórias a respeito de Portugal, minha avó, principalmente, contava sobre os costumes, cantava as músicas, fazia comidas típicas. Tenho certeza de que me sentirei em casa mesmo estando do outro lado do Atlântico.

Conheces alguma coisa da música portuguesa?
Conheço muitas músicas folclóricas porque as ouço desde pequeno. Lembro quando um tio meu trouxe um disco dos Xutos & Pontapés e, atualmente, estou fascinado pela voz do Salvador Sobral.

Apesar de um Oceano que nos separa, achas que na música encontramos uma ponte de ligação entre o Brasil e Portugal?
Pode parecer clichê, mas é verdade: Não existe (ou não deve existir) fronteiras para música. Então, em algum momento, a gente se esbarra! (risos)


Kadu Magalhães - "Retorno"
Para quem ainda não ouviu o teu EP “Retorno”, o que pode esperar?
Um trabalho extremamente sincero e verdadeiro, feito com muito carinho e cuidado. "Retorno" é a parte mais interessante da minha vida até agora e dividir isso com as pessoas é uma realização. Espero que as pessoas se identifiquem com a minha verdade.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
O "Retorno" passeia bastante pela MPB, mas não posso dizer que o próximo trabalho terá a mesma pegada. Pode ser que sim, pode ser que não… quem sabe?

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Gosto muito de jogar Tênis, é o único esporte que me fascina desde pequeno.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Não consigo pensar em desvantagens. Acho que quando se é feliz fazendo o que se gosta, tudo de ruim que pode acontecer é abraçado como um aprendizado… e a luta segue todos os dias, um passo atrás do outro…

Quais as tuas maiores influências musicais?
Varia bastante, mas acho que para compor o "Retorno" ouvi bastante Clube da Esquina, Djavan, Dani Black, Maria Gadú.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Atualmente ouço por streaming.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Nada pode matar a música. O streaming é uma ferramenta poderosíssima, conheci muitos artistas que, se dependessem de venda de discos, eu provavelmente não conheceria. Agora todo mundo tem acesso a milhões e milhões de artistas novos ou não. Cabe ao público ir atrás do que gosta e aos artistas serem criativos o suficiente para chegar até as pessoas.

Qual o disco da tua vida?
Provavelmente não tem relação alguma com o que falei anteriormente, mas o disco da minha vida é Euphoria Morning, do Chris Cornell.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Melhor do Que Parece, d'O Terno.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Tenho ouvido o Remonta, do Liniker, praticamente todos os dias. (risos)

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Uma vez estava tocando blues em dupla, quando um senhor subiu no palco e começou a tocar bateria. Ele não tocava muito bem, mas ele estava tão feliz ali porque os amigos o estavam assistindo que não conseguimos pedir para que ele parasse. Foi meio embaraçoso, mas no final todo mundo entendeu numa boa.

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Djavan ou Milton Nascimento (além de milhares de outros).

Para quem gostarias de abrir um concerto?
No momento, p'ra qualquer artista que citei como influência.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Seria incrível me apresentar no Teatro Amazonas, em Manaus. O lugar parece lindo!

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Foi o do Pearl Jam, no Maracanã. Nunca vi artistas com tanta vontade de estarem juntos num palco como eles.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Me arrependo por não ter ido assistir Soundgarden.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Live Aid 1985 (show do Queen).

Tens algum guilty pleasure musical?
Nenhum! Ouço de tudo e faço questão de falar p'ra todo mundo sobre o que gosto! (risos)

Projectos para o futuro?
Levar a minha música para o máximo de pessoas possível… viver somente dela.

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Essa vai ficar sem resposta! (risos) Não tenho a mínima ideia.

Que música de outro artista, gostarias que tivesse sido composta por ti?
"Nova Ilusão" - É um chorinho muito antigo, infelizmente não sei quem foi o compositor, mas acho que é uma das músicas mais bonitas que já ouvi.

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Who Wants To Live Forever?" (Nunca pensei nisso (risos))

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Eu é que agradeço pelo espaço! Espero vocês em minhas apresentações na terrinha! =)

Terminamos ao som do single "Em Outros Tempos".

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