sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Conversas d'Ouvido com Depois da Tempestade


Entrevista com a banda brasileira de rock alternativo Depois da Tempestade. O sexteto proveniente de Santos é composto por Victor Birkett (voz), Rafael Gonçalves (guitarra), Dennys Andrade (guitarra), Diego Andrade (baixo), Bruno Andrade (bateria) e Maru Mowhawk (teclas). Nesta edição das "Conversas d'Ouvido", recuamos no tempo e descobrimos como tudo começou, retornamos ao presente, falamos sobre o disco de estreia Multiverso e antecipamos ainda os projectos para o futuro...

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Victor Birkett (VB): Na minha vida a paixão pela música veio de forma muito natural. Meu tio, Alexandre Birkett, é guitarrista de jazz e me incentivou desde cedo a conhecer música. Aos três anos eu já brincava com suas guitarras. Fui crescendo e ouvindo diversas coisas com meus irmãos e minha mãe. Com a influência deles, me tornei um grande apreciador de rock, rap brasileiro e MPB (música popular brasileira).

Como surgiu o nome Depois da Tempestade?
VB: O nome veio pois todos nós já tivemos outras bandas que não deram certo. Depois da Tempestade simboliza o recomeço e a força. Deu sorte até hoje (risos).

O vosso recente single “Juno”, apresenta um videoclipe onde o rock alternativo se junta ao ballet contemporâneo, antes de mais parabéns pela ideia, mas gostaríamos de saber como surgiu a mesma?
VB: "Juno" já surgiu desde o início com um aspecto mais moderno e alternativo. Decidimos lançar ela como single pois era a música mais diferente entre as canções do Multiverso. Tivemos a ideia de misturar a dança e o rock de uma forma que transbordasse todo o conceito para a tela. Chamamos amigos para dançar e produzir. O resultado foi surpreendente.

Editaram este ano o debut “Multiverso” para quem ainda não ouviu o que pode esperar?
VB: Creio que amadurecemos como músicos e pessoas desde o nosso início, há cinco anos atrás. O primeiro disco veio na hora certa, com o sentimento certo e os membros certos. Ele soa entre o rock alternativo, o post-hardcore, o new metal, o rap e o groove, com um swing brasileiro que pode ser reconhecido em todo o mundo.

Quais as principais dificuldades que passaram para concretizarem o lançamento do vosso disco de estreia?
VB: A principal dificuldade é se manter vivo durante os anos. Manter o amor e não abaixar a cabeça nunca. Tivemos pouco tempo para respirar desde nosso início, então tudo aconteceu de forma muito gradual. Cada ano foi importante, cada passo valeu a pena. Trabalhamos muito para juntar material e dinheiro suficiente para realizar esse sonho. Foi muito bem-vindo para nós.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
VB: Já passeamos entre o metalcore e o post-hardcore. Temos canções de hardcore, de new metal e outras com influências de post rock. Juntamos tudo isso e encontramos o rock alternativo e o rock experimental para morar. Gostamos de não enxergar barreiras para a nossa arte.

Para além da música, têm mais alguma grande paixão?
VB: Tanto a minha paixão, quanto a da maioria dos gajos da banda é o futebol. Adoro ver jogos do Santos FC nas horas vagas. Alguns de nós também gostam de videogames, culinária, filmes e andar de motocicleta.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
VB: A maior desvantagem é a dificuldade para se viver da arte e atingir as pessoas. Mas hoje consigo enxergar a música como um mundo de vantagens. É maravilhoso poder viajar por nosso país, que tem um tamanho continental, espalhando nossas músicas e conhecendo novas pessoas e sotaques. Nesse momento mesmo, está sendo uma honra falar com um portal português de música. Muito obrigado por acreditar em nós.

Quais as vossas maiores influências musicais?
VB: Atualmente Twenty One Pilots, Bring Me The Horizon, Panic! At The Disco, entre outras.

Como preferem ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Diego Andrade (Diego): Embora a qualidade do vinil seja superior, segundo algumas pessoas, prefiro ouvir em CD, mas por comodidade, ouço mais em streaming!

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Bruno Andrade (BA): Acredito que está tornando a música mais democrática, ou seja, está salvando a música. Os artistas estão voltando a ganhar, mesmo sendo menos comparado com a era pré-Napster. E a visibilidade de novos artistas via plataformas de streaming aumentou também, em qualquer busca simples você consegue encontrar muita música boa, de qualquer lugar do mundo.

Qual o disco da vossa vida?
Dennys Andrade (DA): Não sei se a banda no geral teria um disco com o mesmo impacto para todos os membros, mas no meu caso considero o American Idiot, do Green Day. Foi o disco que mais impactou e que mais ouvi do começo ao fim, sem mudar nenhuma faixa. Quando o disco foi lançado, estava nos primeiros anos de prática na guitarra, com certeza influenciou em minha musicalidade.

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
DA: Acredito que 90% da banda concorda com esse, foi Death of a Bachelor, do Panic At The Disco!, disco lançado em 2016. Eu sempre fui muito fã da banda e quando ouvi esse último disco deles fiquei maravilhado com a riqueza sonora que o Brendon Urie atingiu nesse trabalho. Imediatamente mandei o link do Spotify para o pessoal da banda e todo mundo adorou, ficamos ouvindo durante dias em nossos celulares.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
BA: Durante as gravações do Multiverso, uma das nossas principais influências foi Twenty One Pilots. Percebemos através que uma banda pode soar coesa no seu som, mesmo tendo músicas tão diferentes em um mesmo CD.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
BA: Houve uma situação engraçada que acabou virando uma bela performance. Uma vez nosso guitarrista Dennys deslocou o joelho no meio de uma música e continuou tocando até o fim, mesmo no chão! A banda não tinha entendido muito bem, mas no final ele explicou o por quê de deitar no chão durante a música.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
DA: Provavelmente a maioria da banda também concordaria nessa, duas bandas brasileiras me vêm a cabeça nesse momento: Fresno e Supercombo. A primeira por ser uma com 18 anos de estrada e que influencia boa parte dos membros até hoje. Inclusive fomos a um concerto da banda recentemente com todos juntos para observar a magnitude da banda ao tocar ao vivo. E a segunda pela afinidade musical que estamos passando no momento, eles fogem do padrão do rock brasileiro e possuem uma veia mais alternativa, como nós possuímos hoje em dia. Uma parceria com qualquer uma das duas seria incrível e muito enriquecedora.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
VB: Para muitos artistas. Tivemos a chance de tocar com Silverstein, The Word Alive e For The Fallen Dreams esse ano em São Paulo. Desde Bring Me The Horizon até os Foo Fighters. Grandes festivais também são objetivo futuro.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Diego: Acredito que de nacional, Rock in Rio ou Lollapalooza devem ser unanimidades entre os integrantes da banda, mas falando por mim, gostaria muito de participar do Download Festival.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Diego: Já fui a vários, onde todos tiveram as suas características, mas o de Limp Bizkit foi o que mais me impactou em termos de setlist, som, performance e energia do público e banda.

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Maru Mowhawk (MM): Quero muito ver Diablo Swing Orchestra e Stromae ao vivo!

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
MM: Com certeza Queen, no Wembley Stadium em 1986!

Qual o teu guilty pleasure musical?
MM: Adoro divas pop e funk brasileiro! (risos)

Projectos para o futuro?
VB: Lançar novos videoclipes e preparar músicas para um novo disco. Continuar tocando o máximo que conseguirmos.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
VB: Vocês acreditam em signo? R: Sim! Inclusive gostamos de analisar os signos na hora que algum membro novo entra na banda (risos).

Que música de outro artista, gostariam que tivesse sido composta por vocês?
VB: "Ride" - Twenty One Pilots

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
VB: "Only Time" - Enya, com certeza

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Apresentamos agora o single "Juno", com direito a um videoclipe que combina rock alternativo com ballet contemporâneo.

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