quinta-feira, 8 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Pedro Gama

Entrevista com o músico e compositor brasileiro Pedro Gama, uma das mais promissoras vozes da nova música brasileira. Nesta descontraída e divertida conversa, o músico confidenciou-nos o desejo de efectuar um dueto com Alcione e abrir um concerto para Criolo e Bixiga 70. Descobrimos ainda a sua admiração por nomes como Sérgio Sampaio, Tim Maia e Candeia, contudo há muito mais para descobrir nas linhas que se seguem, em mais uma edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Pedro Gama: Minha história com a música vem desde criança. Minha família toda por parte da minha mãe é muito musical. Ouvíamos e cantávamos  música a todo momento em casa. Mas o interesse em tocar de fato surgiu quando eu entrei na banda do Colégio Militar do Rio de Janeiro (sim, eu estudei em colégio militar - risos), onde minha avó me encorajou a seguir os passos de seu pai e comprou um saxofone quando tinha 12 anos e desde então não parei de tocar.

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Pergunta difícil (risos). Acredito que hoje (apesar do cliché da palavra), a maioria dos artistas da minha geração aqui no Brasil tendem a não querer se limitar em um ritmo apenas. Acho que faço algo próximo da raiz da música popular. Essa mistura rítmica faz música brasileira ser a melhor definição para meu som, na minha opinião.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Gosto muito de dublagem, acho uma arte incrível. 

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Eu gosto muito de falar que eu não vivo de musica, eu vivo para ela. Com isso vem a melhor e a pior parte disso tudo. Estar no palco, tocando com amigos é, sem dúvidas a melhor parte. Porém, o mais desgastante é correr atrás de trabalho. Nem sempre nós, músicos, recebemos o respeito que gostaríamos de ter. Isso vai desde o quesito financeiro, quanto a sermos tratados com respeito. Quando toco em uma casa que nos tratam bem é nosso ápice de alegria, e isso me deixa triste, já que deveria ser algo normal.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Como todo músico, eu tenho muitas influências musicais. Mas sem dúvidas Sérgio Sampaio, Tim Maia e Candeia são meus três pilares bases. Mas eu gosto muito de ouvir Earth, Wind and Fire; Abayomy Afrobeat Orquestra; Fela Kuti; Gilberto Gil; Sá, Rodrix e Guarabyra; Clube da Esquina; BaianaSystem e por aí vai.

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Acho que o streaming é a mídia do nosso tempo, não tem pra onde correr e eu adoro essa facilidade e liberdade de acesso dada ao ouvinte. Mas eu tenho uma coleção de vinil e adoro o som deles (risos)!

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Como falei na pergunta acima, acho que o streaming veio para ficar e na minha opinião é benéfico. Poder dar direito de escolha ao ouvinte é a melhor coisa, porque quem te ouvir – na maioria das vezes - é de forma sincera e orgânica. 

Qual o disco da tua vida?
Tem que ser um só? (risos) São muitos, mas um dos meus preferidos é o “Tem que Acontecer” (1976), do Sérgio Sampaio.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
O primeiro disco da banda Dônica. Os meninos são muito bons!

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Recentemente eu descobri o disco “Jardín”, de Gabriel Garzón-Montano, e estou dando replay nele o tempo inteiro!

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Em um show que costumo fazer num espaço público na região central do Rio de Janeiro, a Polícia chegou tacando bombas de efeito moral e gás de pimenta em todos que estavam no local depois de uma manifestação. Aquela foi uma ação completamente inesperada. Foi uma situação bem inusitada, não pretendo passar de novo (risos).

Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Adoraria cantar com a Alcione. A voz dessa mulher é um absurdo!

Para quem gostarias de abrir um concerto?
Adoraria abrir para o Bixiga 70 ou Criolo!

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
O Circo Voador é um sonho para qualquer artista do Rio de Janeiro, mas seria um sonho tocar em festivais como Rock in Rio (em suas várias cidades/edições), Lollapalooza e Sónar!

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Foi, sem dúvidas o ultimo show do Bixiga 70 que eu fui. Parecia que eu recebia um soco sonoro a cada música!

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Eu adoraria assistir um show do Cory Henry.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Eu adoraria ter vivido em uma época em que eu pudesse ver Joe Cocker, The Doors, Fela Kuti e outros. São shows que me passam muita energia até no vídeo.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Não costumo me sentir envergonhado pelo que escuto, mas acho que poderia botar Marcio Greyck.

Projectos para o futuro?
Eu estou no processo de pré produção do meu próximo projeto. Diferente do meu primeiro EP “Condôminos”, eu estou incorporando mais elementos não orgânicos, como sintetizadores, pads e samplers, mas sem perder os elementos percussivos que eu tanto gosto. 

Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
“Você tá feliz?” 
Responderia: “Estou sim, obrigado.”

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
"Moment to Moment", do Henry Mancini. Essa música me emociona profundamente.

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Terminamos ao som de Pedro Gama e do single "Cabocla Jurema".

Sem comentários:

Enviar um comentário