terça-feira, 13 de junho de 2017

Conversas d'Ouvido com Lucas Parada


Entrevista com o músico carioca Lucas Parada, que conta com mais de dez anos de estrada tendo feito parte de bandas como Madame Machado e Hover. Durante esse tempo escreveu e compôs os temas para o seu disco. Este ano editou o seu primeiro álbum a solo Numerologia. Fomos conhecê-lo melhor em mais uma edição das “Conversas d’Ouvido”. Nesta divertida conversa falamos de paixões, influências, discos de uma vida e embaraços, tudo isto e muito mais para descobrirem nos parágrafos que se seguem…

Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Lucas Parada: Bom, eu sou filho de baterista e sempre tive o instrumento à disposição. Dediquei-me às baquetas desde os 12 anos de idade. Aproximadamente aos 15 anos, eu comecei a estudar música e aprendi outros instrumentos, como violão. Hoje, além de apresentar meu disco "Numerologia", eu toco bateria, acompanhando alguns artistas em algumas casas de samba no Centro do Rio de Janeiro.

Editaste este ano o disco “Numerologia”, para quem ainda não o ouviu o que pode esperar?
“Numerologia” é um disco contemporâneo, sem rótulos, que mistura a música popular brasileira com rock ou pop. É um disco particular com canções sobre casa, filho, família e relacionamentos. Como se fosse um livro, é importante que o ouvinte escute as 14 faixas na ordem. Pode esperar um disco que acalme e traga paz, esteja em casa, no carro ou em lugares públicos. Se tiver oportunidade, é possível assistir ao álbum “Numerologia”. Porque todas as músicas têm clipe! São disponibilizadas no YouTube a cada 20 ou 30 dias. É um trabalho audiovisual. 

Como gostas de descrever o teu estilo musical?
Como dito anteriormente, acredito que não tenha rótulo. Não costumo dizer que seja pop, rock, reggae, samba ou salsa. Por eu viver no Brasil, digo que é uma música popular brasileira, a famosa MPB, mas antes disso, um som contemporâneo, já que a sonoridade mistura música electrónica e instrumento acústico.

Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Sim, antes mesmo da rotina de trabalho, eu assistia um filme por dia. Mas depois da chegada do meu filho, João, eu abri mão dessa rotina. Sou viciado em filmes. Procuro viajar para fora do Brasil uma vez por ano. Se eu pudesse listar minhas grandes paixões, seria: Bateria, filmes, viagens, fotografia, exposições, família e música, claro!

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Fazer o que ama já é uma vantagem. É uma rotina prazerosa, poder viajar, conhecer lugares e pessoas expondo sua arte. Melhor ainda é poder transformar tudo em música: alegrias, dores, experiências. A maior vantagem de ser músico é saber adaptar qualquer vivência em arte. A desvantagem está na carreira. É tão difícil como ser um jogador de futebol, mas é preciso trabalhar muito, praticar, estar no lugar certo, na hora certa e com pessoas certas. A desvantagem, hoje, no Brasil, é essa: sobreviver de música no anonimato.

Quais as tuas maiores influências musicais?
Eu ouço de tudo, literalmente: vou de axé (como Ivete Sangalo), passo por música instrumental (como Snarky Puppy), passo por músicas regionais (como La Guacha, do Chile), gosto de novos e consagrados nomes da MPB (como Mallu Magalhães e Caetano Veloso), ouço músicas de países distantes (como K's Choice, da Bélgica) e o samba (como Martinho da Vila e outros do Brasil). Enfim, tudo pra mim é influência. Se você me apresentar um som, prometo ouvir e dar um feedback. (risos)

Como preferes ouvir música? Cd, vinil, k-7, streaming, leitor mp3?
Apesar de colecionar CD e vinil, atualmente, eu ouço por streaming. O fato de estar trabalhando na rua, ajuda. Ter plataformas digitais à disposição é a melhor coisa. Particularmente, eu gosto do Spotify, pela organização e a quantidade de álbuns.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Salvar, sem dúvida. Qualquer meio de divulgação é bem vindo para o músico. Qualquer distribuição, eu acho positiva. Até a "pirataria", como chamamos aqui no Brasil, eu acho, de certa forma, jogar a favor do artista. Eu concordo que o único, melhor e maior meio de renda do músico é o espetáculo. Nada substitui a apresentação ao vivo do artista. Distribuição de músicas é o menor dos problemas.

Qual o disco da tua vida?
Almost Happy, do K's Choice. Não só pelas canções ou pelo género. Mas foi o disco que marcou uma fase, um período importante da minha vida. Em especial, duas canções: “My Head” e “Always Everywhere” (essa eu tenho tatuado no braço esquerdo). Mas sou fã da discografia do Jamie Cullum, Kings of Leon, John Mayer e Jason Mraz.

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Purpose, do Justin Bieber me deixou surpreso. Não era um artista que eu acompanhava e me deixou encantado pela maturidade e sonoridade. Mas o último disco que me conquistou, mesmo, foi do cantor Leonardo Gonçalves, Sublime. É um disco ao vivo, com quatro músicos. No spotify, existe uma versão apenas com instrumental. São timbres que não enjoam. Apesar de um artista gospel (género que conheço pouco), o disco me deixou maravilhado, mesmo.

O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Ouço e gosto de acompanhar os lançamentos mundiais, ainda que sejam os mesmos, só para me manter atualizado (Katy Perry, Lady Gaga, Ed Sheeran, Bruno Mars...) Mas tenho gostado do novo álbum do Paramore e John Mayer. Ouço também The 1975 e alguns artistas do Brasil, como Vanguart (São Paulo) e Maglore (Bahia)

Qual a situação mais embaraçosa que já te aconteceu num concerto?
Já aconteceu tanta coisa. Mas a história inesquecível foi passar mal indo pra passagem de som e ter que ficar hospitalizado no próprio aeroporto, onde me deram remédio e eu apaguei por algumas horas, não lembro. Só me recordo de ter que me arrumar pro show, de fato.

Com que músico gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Gosto de grandes nomes da MPB, como Lenine e Moska. Sou fã da música baiana e faria também com o cantor Saulo. Atualmente, faço parceria com o baixista da banda Suricato (Rio de Janeiro, Raphael Romano).

Para quem gostarias de abrir um concerto?
No Brasil ou em Portugal? (risos) Seriam tantos. Mas, vamos lá! Mallu Magalhães, Marcelo Camelo, Amarante, Lenine, Moska, Silva, Filipe Catto e por aí vai.

Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Gosto de teatros. Acho que uma turnê em Theatros Municipais pelo Mundo não seria nada mal. Ou até mesmo o palco Sunset do Rock in Rio, já que é um palco menor. Mas sonho mesmo é participar de algum Brazilian Day, seja NY ou Tokyo.

Qual o melhor concerto a que já assististe?
Em questão de espetáculo, foi do Coldplay, na turnê Mylo Xyloto. Mas, por ser fã mesmo, foi do King of Leon, na turnê Mechanical Bull. O show do Biffy Clyro (turnê Opposites) foi incrível também!

Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Sou fã do trabalho do Travis Barker, do Blink. Apesar de escutar pouco a banda, gostaria de assistir.
Já estive em Las Vegas, no mesmo final de semana que teria uma apresentação apenas dele, mas não consegui comprar ingresso. Pura falta de organização minha, infelizmente!

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Internacional, qualquer show do Michael Jackson e Queen. Apesar de não ser um fã para acompanhar a trajetória, assistiria ao show do Elvis, Beatles e Nirvana. E todos os nomes que marcaram um tempo. Já os brasileiros, gostaria de ter assistido ao show da Elis Regina, Gonzaguinha e Cássia Eller. Artistas que ouço até hoje.

Qual o teu guilty pleasure musical?
Confesso que parei para pesquisar o termo "Guilty Pleasure" (risos) Cheguei à conclusão de que tenho alguns. Gostar de música baiana tendo cabelo branco e os dois braços tatuados é um prato cheio! Além do axé e o sertanejo universitário, gosto de boleros sem abrir mão das músicas de adolescente, como Ariana Grande, Taylor Swifft. Enfim, eu sou de uma geração que misturava Evanescense, The Calling, Avril Lavigne e ainda achava o máximo. Sandy e Júnior então, melhor deixar pra lá!

Projectos para o futuro?
Começar as gravações do segundo disco ainda em 2017, as composições estão quase encerradas. Adoraria divulgar mais o meu trabalho em Portugal, acredito que há espaço. E pretendo fazer um trabalho ainda mais ambicioso, porém simples, para o segundo registro.
  
Que pergunta gostarias que te fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta?
Nunca dei entrevista para uma revista de fofocas ou assuntos banais. Mas gostaria que me perguntassem: o que não pode faltar na sua geladeira? Eu responderia: Água e gelo. Só bebo água se estiver gelada. E tenho mania de colocar gelo, mesmo com a bebida gelada. (risos)

Que música de outro artista gostarias que tivesse sido composta por ti?
“Despacito”. Imagina o quanto esse rapaz deve receber pelo direito autoral? Brincadeira! (risos) Gostaria de ter composto a trilha sonora do Rei Leão (The Lion King). Além de ter marcado minha infância, eu acho as canções incríveis. 

Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Gostaria da música "Tudo Novo de Novo", do Moska que diz "Vamos começar colocando um ponto final, pelo menos já é um sinal de que tudo na vida tem fim".

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Eu que agradeço a oportunidade de expor meu trabalho! Estou a disposição!

Terminamos ao som do mais recente single, “Febre”, extraído do álbum Numerologia

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