sexta-feira, 10 de março de 2017

Conversas d'Ouvido com Cafe Republica

Estivemos à conversa com a banda brasileira Cafe Republica, quinteto composto por Octavio Peral (voz, guitarra), Anderson Ferreira (teclas, sintetizadores), Ygor Big (guitarra), Carlos Juca Sodré (contrabaixo), Barbanjo Reis (bateria). O projecto apresenta uma sonoridade rock alternativo com nuances psicadélicas. Após três EP's, preparam este ano a edição do primeiro LP, antes disso fomos conhecê-los um pouco melhor na mais recente edição das "Conversas d'Ouvido"...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Surgiu de forma natural para cada um. Fomos cercados por música na infância e no caminhar particular de cada um até à fase adulta desenvolvemos gostos e influências que nos rondam e nos unem.

Como surgiu o nome Cafe Republica?
O nome surgiu quando o Anderson, tecladista, passando por um bar na região central do Rio de Janeiro gostou do nome “República Café”, adaptamos o nome, com a troca da posição das palavras e cortamos os acentos. Acreditamos que o nome carrega, também, um impacto regional e diz muito sobre a cidade e cena cultural que vivemos.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Normalmente descrevemos como uma confluência de progressivo, psicodélico sessentista e nuances regionais e intrínsecas à experiência musical brasileira.

Para quem ainda não ouviu o vosso mais recente EP “Interlúcido”, o que pode esperar?
Acreditamos que esse EP diz respeito a transição, refletida em experiências registradas em estúdio, do trabalho anterior – ainda em inglês – para o que ainda virá, em português. Sendo assim, o Interlúcido é uma experimentação musical que, em sua sonoridade, traz o que compreendemos como música.

Para além da música, t que tocasse no vossomavamstiram que tocasse no teusosavas ariasêm mais alguma grande paixão?
Temos outras grandes paixões que, invariavelmente, aparecem no nosso trabalho da banda em si. Como o trabalho com Audiovisual, com a literatura e que convive com a gente nas conversas diárias em estúdio e nos momentos de lazer. Em suma, estamos sempre vivenciando essa sinergia artística.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem, acreditamos ser, a possibilidade de sempre estar ativo, vivo dentro da ótica artística, e poder analisar o mundo dessa maneira.
Uma grande desvantagem pode ser considerada a burocracia que enfrentamos, em vários processos que cercam a produção. Daí vêm dificuldades maiores; falta de respeito ao músico, falta de apoio, os cenários se tornam excludentes só na tentativa de se estabelecer e ser forte, entre outras questões.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Nossas influências são flutuantes e sazonais, em alguns momentos estamos ouvindo Pink Floyd, Beatles. Em outros, optamos por algo mais regional, Cartola, João Bosco, Criolo, Jorge Drexler. Esses momentos não se definem, simplesmente acontecem e, em meio ao convívio da banda, os vivenciamos.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Pela circunstância tecnológica atual, e até mesmo pela estrutura do cenário musical, acabamos ouvindo música através de Streaming a maior parte do tempo. Mas claro que as outras formas de reprodução, como vinil e k-7, trazem impressões diferentes e outras experiências.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Não acreditamos que está a salvar nem a matar a música. Como todo processo novo, dentro de um cenário social, o streaming vem como uma forma extremamente acessível e flexível, ao mesmo tempo que o cenário atual desaqueceu em relação a grandes empresas, gravadoras e os meios físicos.

Qual o disco da vossa vida?
Devido a dificuldade de escolher um só, achamos melhor listarmos alguns de nossa preferência:
  • Dark Side Of The Moon (Pink Floyd); 
  • Acabou Chorare (Novos Baianos); 
  • By The Way (Red Hot Chili Peppers);
  • Delírio Carioca (Guinga); 
  • Todos os Olhos (Tom Zé). 
Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
O “Melhor do Que Parece”, da banda brasileira O Terno. Acreditamos que foi um disco que uniu perfeitamente um processo de produção musical bem executado – com boas melodias, arranjos e letras – com uma criatividade artística apuarada.

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Dorival Caymmi, João Bosco, Mustache e os Apaches, DAN, Aldir Blanc. Nossa mais recente descoberta foi o Childish Gambino.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
De entre as várias, a mais recente foi quando um dos guitarristas ao conectar a pedaleira – na passagem de som – desligou a energia da casa inteira, possivelmente agravado por uma instalação elétrica bem antiga. O mais embaraçoso foi que logo após a energia cair, o problema se resolveu e iniciamos o concerto. Depois da segunda ou terceira música a luz voltou a cair e só se restabeleceu passado uns dez minutos.

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Gostaríamos de fazer com O Terno ou Boogarins, duas bandas brasileiras que acreditamos ter algo em comum com nossa sonoridade.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Ouvimos o som de uma banda portuguesa, chamada Indian Rubber, e nos interessamos bastante de dividir o palco com eles.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Pela identificação cultural, diríamos Circo Voador.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Mais uma vez optamos por listar alguns dos melhores:
  • Tame Impala no Circo Voador; 
  • O Terno no Circo Voador; 
  • Phoenix no Lollapalooza;
  • Roger Waters no Engenhão.
Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Atoms for Peace, Childish Gambino, Pond, Fleet Foxes.

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
Beatles, Queen, Secos e Molhados, Led Zepellin, entre outros.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
Não acreditamos que exista uma culpa em se ouvir algo, seja qual tipo de música for, se ela entra em contato direto contigo.

Projectos para o futuro?
Estamos para lançar um clipe do EP antigo, para encerrar o ciclo do Ludere Occultant, e já estamos em processo de gravação para o CD cheio, que sairá ainda esse ano.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Gostaríamos que tivessem perguntado se temos vontade de tocar em solo português. Responderíamos que gostaríamos, com toda certeza.

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Ficamos agora com o som dos Cafe Republica com a música "Almost Nothing Can Be Planned By Us"

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