domingo, 26 de março de 2017

Conversas d'Ouvido com BIKE

Apresentamos o rock psicadélico dos brasileiros BIKE, quarteto formado por Julio Cavalcante (voz, guitarra), Diego Xavier (guitarra, voz), Daniel Fumega (bateria, voz) e Rafa Bulleto (baixo, voz). Estrearam-se em 2015 com o aclamado disco 1943, masterizado por Rob Grant, que já colaborou com nomes como Tame Impala, Pond, Death Cab For Cutie e Melody's Echo Chamber. Nesse mesmo ano assinaram com a 30th Century Records, editora de Danger Mouse, que conta no seu cardápio com nomes como Grandaddy e Sam Cohen. Este ano preparam uma digressão ibérica e a edição do segundo LP.
Os BIKE, são um dos novos fenómenos da música brasileira e são os mais recentes convidados das "Conversas d'Ouvido"...

Como surgiu a paixão pela música?
Julito: Cresci escutando os vinis da coleção do meu pai: Pink Floyd, John Lennon, Bob Dylan, The Rolling Stones, Grateful Dead, Creedence Clearwater Revival, Hendrix e Janis Joplin. Aos 11 anos comecei a tocar violão e desde os 15 toquei em várias bandas e comecei a me interessar por bandas como Nirvana, Mudhoney, Pixies, Brian Jonestown Massacre e Sonic Youth e com o passar do tempo comecei também a ouvir diversos estilos musicais e fui fundo na pesquisa de artistas brasileiros da década de 60 e 70, como Walter Franco, Jards Macalé, Lula Cô rtes, Mutantes, Secos e Molhados, toda a Tropicália e artistas da Bossa Nova.
Como surgiu o nome BIKE?
Julito: é uma pequena homenagem ao Dr Albert Hofmann, que descobriu o LSD e no seu diário contou sobre o dia em que tomou uma grande dose, foi de bicicleta (bike) do laboratório até à sua casa e teve uma grande experiência lisérgica.
Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Julito: Música psicadélica cósmico-caótica.
O vosso primeiro disco contou com a participação Rob Grant, como foi a experiência?
Julito: Foi incrível, quando terminei a gravação e mixagem do primeiro álbum, comecei a pensar em alguém que pudesse entender a nossa música e fazer a masterização, olhando encartes dos álbuns das novas bandas psicadélicas como Tame Impala, Pond, Gum e Melody’s Echo Chamber. Entretanto vi o nome dele e entrei em contato. Ele ouviu a mix de uma das músicas e adorou, mandei todo o disco e ele se empolgou em trabalhar com uma banda brasileira. No novo álbum ele além da masterização ficou responsável também pela mixagem e o resultado final está incrível.

Como reagiram quando souberam que iam assinar com a 30th Century Records?
Julito: É o tipo de notícia que a gente nunca espera, foi uma ótima surpresa, a música “Enigma do Dente Falso” fez parte da primeira coletânea deles, ao lado de bandas com Autolux e The Arcs e o nosso segundo álbum será lançado por eles fora do Brasil.
Preparam-se para editar o disco “Em Busca da Viagem Eterna”, já podem antecipar o que podemos esperar?
Julito: O novo álbum é um álbum de banda, diferente do “1943” onde compus tudo sozinho e tive ajuda do Diego na produção. Aqui no Brasil já lançamos 3 singles, “A Montanha Sagrada”, “Enigma dos 12 Sapos” e “Do Caos ao Cosmos” e o disco todo ganhará o mundo no começo de abril.
Para além da música, tens mais alguma grande paixão?
Julito: Adoro viajar, conhecer novas paisagens, novos lugares, novas culturas, sotaques e pessoas. Ter uma banda e poder andar na estrada une as duas coisas que mais gosto de fazer.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Julito: Aqui no Brasil o músico independente passa por muitas dificuldades. O país é grande, o que acaba atrapalhando na hora de montarmos uma turnê. Não é barato viajar pelo Brasil de avião e as distâncias percorridas de carro são muito longas, os cachês são pequenos e uma vez ou outra aparecem grandes concertos onde dá para ganhar um dinheiro bom. No geral cada mês acaba sendo de um jeito na vida de quem vive apenas como um músico independente por aqui.
Quais as vossas maiores influências musicais?
Vou citar uma por década.
60’s = Pink Floyd e Syd Barret
70’s = Walter Franco
80’s = Sonic Youth
90’s = Brian Jonestown Massacre
00’s = King Gizzard and the Lizard Wizard

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Julito: Prefiro vinil, mas como não tenho todos os que gosto, escuto bastante por streaming.
Diego Xavier (DX): Apesar de preferir ouvir no vinil, o streaming tem dominado bastante.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Julito: Vejo o streaming como mais uma das possibilidades de ouvir música, não sei por quanto tempo vai durar, mas faz parte do atual momento do mercado musical.
DX: Eu acho que está mais para salvar. Acho que hoje em dia há muita música, muitas bandas e artistas, de diferentes partes do mundo, se não houvesse o streaming acho que não conheceríamos muitas bandas novas boas, dessa nova vaga psicadélica.
Qual o disco da tua vida?
Julito: Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn

Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Julito: King Gizzard and the Lizard Wizard - Flying Microtonal Banana
O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Julito: Viajando pelo Brasil tocamos e conhecemos muitas bandas boas. Tenho ouvido muitas bandas daqui como Catavento, Hierofante Púrpura, My Magical Glowing Lens, Terno Rei, Brvnks, Tagore, Koogu e Rakta.
Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Julito: Estourar a pele do bumbo. Sem bumbo a bateria fica incompleta e isso acaba com qualquer música.
Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Julito: Melody Prochet (Melody’s Echo Chamber), Wayne Coyne (Flaming Lips), Anton Newcombe (Brian Jonestown Massacre) e Fernando Catatau (Cidadão Instigado).

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Julito: Brian Jonestown Massacre e Flaming Lips.
Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Julito: Vamos realizar o sonho de tocar no Primavera Sound em Barcelona esse ano. Adoraria tocar no Coachella ou Glastonbury também.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Julito: Flaming Lips e Sonic Youth no Brasil em 2005 e o retorno dos Mutantes no Museu do Ipiranga em 2007 em São Paulo.
DX: Para mim, não consigo esquecer o dos My Magical Glowing Lens no último Festival Dosol.
Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Julito: No Primavera Sound conseguiremos assistir King Gizzard and the Lizard Wizard e Grandaddy que nunca vimos, e mais alguns shows que ainda não chegaram ao Brasil.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostarias de terem estado presentes?
Julito: Qualquer um dos Pink Floyd com o Syd Barret.

Qual o vosso guilty pleasure musical?
Julito: Legião Urbana
Projectos para o futuro?
Julito: Em abril lançaremos o segundo álbum e em maio iremos em digressão pela Europa. Também estamos produzindo um curta-metragem para a música “A Montanha Sagrada” e devemos lançar alguns temas que ficaram fora do disco no segundo semestre.
Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Julito: Fender ou Gibson? Fender Telecaster
Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Julito: "Luz, Som e Dimensão" do nosso primeiro álbum 1943.
Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.
Terminamos agora ao som do single "Enigma dos Doze Sapos"...

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