quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Reportagem - Cage the Elephant ao Vivo no Coliseu do Porto - 6 de Fevereiro 2017

Os americanos Cage the Elephant regressaram ao nosso país para um concerto explosivo e apoteótico no Coliseu do Porto. Após duas aclamadas passagens pelo Festival Paredes de Coura, chegou o tão aguardado dia da estreia em nome próprio. O Ouvido Alternativo esteve presente e saiu de lá rendido à energia de Matt Shultz e companhia...


Antes de nos focarmos no que realmente interessa, ou seja a música, temos que referir e lamentar a péssima organização do Coliseu do Porto. O concerto estava agendado para as 21h00 e eis que chegamos ao local às 20h30, quando não é o nosso espanto, as portas ainda se encontravam fechadas. Na entrada, uma verdadeira multidão aglomerada e à chuva, os minutos foram passando e não havia meio das portas se abrirem. Poucos minutos depois das 21h00 as portas finalmente se abrem, repito que o concerto estava previsto para a mesma hora a que as portas se abriram. Como seria de esperar a entrada do público foi demorada, até pensamos que o concerto dos Twin Peaks (banda de abertura) havia sido cancelado, o que não se veio a verificar. Com tanta demora entramos no Coliseu às 21h30, quando não é o nosso espanto já decorria o concerto da banda de Illinois, que havia começado há hora a que as portas abriram ao público. À sua frente, os Twin Peaks, encontravam um cenário desolador, até porque a grande maioria das pessoas ainda não tinham conseguido entrar. 
Concluímos, que mesmo que tenham havido problemas técnicos, o público merecia uma explicação, que não existiu. A mítica sala do Coliseu do Porto, e a respectiva organização demonstrou uma enorme falta de respeito para com o público e para com os músicos dos Twin Peaks. 
Voltando ao que realmente interessa, pouco podemos falar dos Twin Peaks, até porque quando conseguimos entrar o concerto estava quase no fim. No entanto, o quinteto americano agarrou com unhas e dentes a oportunidade, demonstrando uma energia inesgotável, descarregando o seu garage rock a alto e bom som. Na bagagem traziam as canções do mais recente disco Down in Heaven, editado no ano passado.
Aproximadamente às 22h entra em palco a banda que todos aguardavam com ansiedade, os Cage the Elephant, que à sua espera tinham uma sala praticamente esgotada. A sintonia entre público e banda foi imediata e intensa, e durou todo o concerto. Logo a abrir a vibrante "Cry Baby", do mais recente Tell Me I'm Pretty mostrou que os Cage the Elephant não estavam para brincadeiras. Rock alternativo de primeira linha, que tem vindo a ganhar contornos de culto no nosso país. Seguiu-se a "velhinha" "In One Ear", resgatada do debut homónimo editado em 2008. Durante pouco mais de uma hora a banda encerrou a digressão com uma entrega assinalável, uma energia inesgotável e uma intensidade explosiva. O sexteto é todo ele coeso, demonstrando uma enorme sintonia, contudo, é por vezes difícil abstrairmo-nos do carismático Matthew Shultz, que surge em palco de camisa e blazer vermelho, pronto para se assumir como mestre de cerimónias. A sua voz é irrepreensível e por vezes denota-se uma amplitude e um alcance que poderá passar despercebido a uma audição pouco atenta. Mas Matt é muito mais que uma boa voz, ele canta, dança, salta, serpenteia-se pelo palco numa pose por vezes provocadora assumindo-se como um misto de Mick Jagger (bastante mais novo) e Miles Kane. Entre a calma e o sentimento de "Too Late to Say Goodbye", o entusiasmo de "Cold Cold Cold" e a loucura de temas como "Ain't No Rest for the Weekend" e "Mess Around", o concerto foi progredindo e revisitando os quatro discos que compõem a sua discografia.
Durante todo o concerto o público cantou, gritou, saltou e aqui e ali vislumbramos apontamentos de crowd surfing. Até nos balcões e camarotes parecia difícil ficar sentado. As letras foram entoadas em uníssono, os Cage the Elephant estavam mais uma vez rendidos à loucura do público nacional, neste concerto que encerrou a digressão europeia. 
Mesmo em temas mais suaves como "Trouble" e "Telecospe", a vibração que se sentia não esmoreceu. Os Cage the Elephant proporcionaram uma noite explosiva, sempre em alta rotação, não houve encore propriamente dito, mas também não havia tempo para sair do palco, só havia tempo para muito e bom rock. Antes do fim do concerto houve tempo para "Mary Jane's Last Dance", uma cover de Tom Petty and The Heartbreakers. A sequência final, já com Matt em tronco nu foi servida ao som de "Cigarette Daydreams", "Shake Me Down" e "Teeth". Entre guitarras partidas, baterias "maltratadas" e alucinantes riffs de guitarra, os Cage the Elephant despediram-se após terem "incendiado" o Coliseu e aquecido a noite fria do Porto. Mais tarde soubemos que o regresso estará para breve, pois já têm presença marcada no Nos Alive 2017. Caso dúvidas houvessem, os Cage the Elephant provaram porque é que o Hard Club foi demasiado pequeno para os receber.

Setlist
  1. Cry Baby
  2. In One Ear
  3. Spiderhead
  4. Too Late To Say Goodbye
  5. Cold Cold Cold
  6. Trouble
  7. Ain't No Rest For The Weekend
  8. Mess Around
  9. Punchin' Bag
  10. Telescope
  11. Back Against The Wall
  12. It's Just Forever
  13. Come a Little Closer
  14. Mary Jane's Last Dance (cover de Tom Petty and the Heartbreakers)
  15. Cigarette Daydreams
  16. Shake Me Down
  17. Teeth

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