quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Conversas d'Ouvido com Blame Zeus

Os Blame Zeus, são os mais recentes convidados das Conversas d'Ouvido". A banda de heavy rock, proveniente do Porto prepara-se para editar o seu segundo álbum no próximo mês, altura ideal para os ficarmos a conhecer um pouco melhor. Sandra Oliveira (voz), Ricardo Silveira (bateria), Paulo Silva (guitarra), Tiago Lascasas (guitarra) e Celso Oliveira (baixo) aceitaram o nosso desafio e falaram-nos de discos de uma vida, guily pleasures, sonhos e projectos para o futuro entre tantas outras coisas que podem descobrir nas linhas que se seguem...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Sandra: Desde cedo fui habituada a ouvir música em casa, algo que devo principalmente ao meu irmão. Por causa dele, cresci a ouvir Queen, Bon Jovi, Xutos e Pontapés… aos 12 anos comecei a tentar cantar essas músicas e a dependência foi crescendo a partir daí.
Tiago: Por volta do 6.º ano, o caminho para a escola era feito a pé e o meu apoio era um velho walkman de cassetes, em que no lado A estava o “Nevermind” dos Nirvana e no lado B estava o “Master of Puppets” dos Metallica. Era fantástico chegar à escola e estar malta agarrada a uma viola a tentar tocar esses mesmos temas! Isso cativou-me logo o interesse pela guitarra.
Paulo: A partir dos 4 ou 5 anos, comecei a ouvir discos que o meu irmão (que é mais velho) pedia emprestado a amigos. Certamente começou logo aí a paixão pela música. Passava tardes inteiras a ouvir Bryan Adams, Stevie Wonder e Michael Jackson.
Celso: Surgiu muito naturalmente, na primeira vez que escutei música!
Ricardo: Comecei a ter aulas de música bastante cedo, por volta dos 4 anos, por isso nem sei. Em termos de música mais pesada foi aos 13, com o Powerslave dos Iron Maiden.

Como surgiu o nome Blame Zeus?
“Blame Zeus” é uma expressão que se poderá aplicar em situações em que algo acontece e não se sabe quem é responsável por isso. Então, como a razão humana tem que culpar alguém ou algo, tem que justificar as desgraças e/ou as coisas belas que influenciam a nossa existência, culpa-se Zeus, uma entidade que, à partida, não existe. Para nós, a expressão não tem qualquer conotação religiosa, nem tão pouco nos associamos à figura mitológica, é apenas a tradução de um sentimento, uma alusão a como estamos a conhecer-nos, aos outros e a nós próprios, nesta vida.

Preparam-se para editar o vosso novo disco “Theory of Perception”, o que podemos esperar?
Achamos que podem esperar um álbum construído com muito coração, com grande preocupação com os pormenores. Um som heavy rock que nos caracteriza, mas também um refúgio intimista que nos permite divagar por outros subgéneros. No fundo, 12 bons temas para despertar e alimentar a paixão pela música.

Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
Sempre foi muito difícil de catalogar o nosso som, talvez porque nunca tivemos medo de experimentar coisas novas e misturar elementos mais ou menos pesados ao que é o nosso som nuclear: o Rock. Por isso podemos alegar que a nossa música é muito sincera porque é verdadeiramente o que nos sai, o que cada um ouve transformado pelo que os outros ouvem. A única coisa que é sempre comum é a intensidade… a profundidade musical e lírica que nos une a quem nos ouve, e que soa sempre a Blame Zeus.

Conseguem explicar-nos como se desenvolve o vosso processo criativo?
Como diz o Celso “o meu processo criativo é a ausência de processo”, e isto, no fundo, é a verdade! Não impusemos limites à criação, foi algo que aconteceu muito fluida e rapidamente connosco. Fosse iniciado por uma letra e melodia, ou por um riff de guitarra, a nossa única preocupação era fazer canções, com qualidade, e que se centrassem um pouco mais na voz do que o álbum anterior.

Para além da música, t que tocasse no vossomavamstiram que tocasse no teusosavas ariasêm mais alguma grande paixão?
Sandra: Os meus gatos!
Tiago: Tenho o bodyboard, é algo que me realiza pessoalmente e me acalma, pratico há alguns anos… o mar transmite-me uma boa paz interior.
Celso: Não tenho.
Paulo: Desporto, principalmente futebol e desportos de combate.
Ricardo: Não.

Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
Sandra: A maior vantagem é poderes ser tu própria a fazer o que gostas e não a seguir os moldes que a sociedade impõe. A maior desvantagem é que, infelizmente, nem tudo é centrado na música, há o dinheiro, a inveja, os interesses… todo o lado negro de uma indústria decadente.
Ricardo: Desvantagem é as pessoas normalmente não quererem pagar o trabalho dos músicos – toda a gente quer música mas ninguém quer pagar por ela. Vantagem é, sem dúvida, viver a vida, fazer-se o que se gosta.
Paulo: Vantagem: Criar músicas e tocar guitarra, que é o que mais gosto de fazer na vida. Desvantagem: Ganhar muito pouco dinheiro com isso.
Tiago: A maior vantagem é poderes mostrar aquilo que fazes, que crias, aquilo que te inspira, a tua paixão. A desvantagem muitas vezes é o que se trabalha, as horas que se perdem e no fim o cachet que levas... a música já não é tão valorizada como há uns anos...fruto de uma maior oferta e, claro, da internet.
Celso: Maior vantagem é o facto de vivenciar a música; a desvantagem é, no meu caso, o fraco retorno financeiro.

Quais as vossas maiores influências musicais?
Ricardo: São demasiadas para enumerar!
Paulo: Iron Maiden, Metallica, Death, Devin Townsend, Alice in Chains, Tool, Pat Metheny, Esbjorn Svensson Trio
Celso: Toda a boa musica! E a má também!
Tiago: Dream Theater, Alice in Chains, Clutch, Iron Maiden, Metallica... entre outros.
Sandra: Como influências vocais tenho Alanis Morissette (nos anos gloriosos), Fiona Apple, James Maynard Keenan, Jeff Buckley e Glenn Hughes. Enquanto som de banda procuro Alice in Chains, A Perfect Circle, Tool, Clutch e Ghost.

Como preferem ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Celso: Tanto CD como Vinil, pois preservam melhor a qualidade do som.
Paulo: Prefiro Vinil, mas por comodidade ouço mais vezes em mp3.
Tiago: CD
Ricardo: Vinil, mas já não tenho um gira-discos a funcionar.
Sandra: Dado que não tenho forma de ouvir vinis, a escolha óbvia é o CD.

O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Paulo: Nem uma coisa nem outra. Veio mudar o negócio da música, mas não a está a matar nem a salvar.
Celso: É apenas mais uma forma diferente de ouvir.
Ricardo: As últimas notícias que vi pareciam indicar que está a salvar ou, pelo menos, a apontar um novo caminho para a indústria. Vamos esperar para ver.
Sandra: É uma forma fácil e acessível de conhecer uma banda ou um álbum, mas não substitui, na minha opinião, a compra do CD.
Tiago: Na minha opinião a matar, em termos de divulgação é mais directo, mas perde-se muito o culto do "álbum ", comprar um cd, folhear o livrinho com as letras e ouvir o álbum do início ao fim... com o streaming é como se tivesses acesso directo ao fim da história, e podes "saltar partes" não tão apelativas... é como as cápsulas de comida do songoku, nem precisas de mastigar a comida...

Qual o disco da vossa vida?
Paulo: Tool, "Lateralus"
Ricardo: Não sei se será o disco da minha vida, mas o "Powerslave" dos Iron Maiden mudou, de certa forma, o rumo da minha vida.
Celso: Foram muitos e variados os que me marcaram ao longo da vida.
Sandra: "Jagged Little Pill", Alanis Morissette.
Tiago: "Master of Puppets".

Qual o último disco que vos deixou maravilhados?
Ricardo: "Theory of Perception", dos Blame Zeus.
Tiago: "Hand. Cannot. Erase" do Steven Wilson; admiro muito o seu trabalho.
Sandra: "The Devil Put Dinosaurs Here", Alice in Chains.
Celso: Wardruna - "Runaljod - Yggdrasil"
Paulo: Devin Townsend, "Ki"

O que andam a ouvir de momento/Qual a vossa mais recente descoberta musical?
Paulo: Pain of Salvation, último álbum.
Sandra: Ando tão concentrada no meu trabalho em Blame Zeus que não tem havido disponibilidade mental para ouvir coisas novas.
Ricardo: Kendrick Scott, The Oracle
Celso: Estou a descobrir o trabalho de Colin Stetson e Sarah Neufeld no álbum "Never Were the Way She Was".
Tiago: Ando a ouvir muito Blame Zeus... a tour aproxima-se, há que ter tudo na ponta da língua! Ultimamente não tenho descoberto nada novo que me atraia... para já fico-me com a "prateleira "dos favoritos.

Qual a situação mais embaraçosa que já vos aconteceu num concerto?
Sandra: Obrigarem-me a beber um shot de tequila!!! Seus malandros! (risos)
Paulo: Partir a corda mi duas vezes.
Celso: Virar as costas ao público para beber água e o resto da banda dá início a um tema que começa com a banda toda!
Tiago: Partilhar o palco com alguém embriagado... não é para repetir.
Ricardo: Nunca tive!

Com que músico/banda gostariam de efectuar um dueto/parceria?
Ricardo: Entre muitos outros, David Ellefson.
Paulo: Devin Townsend
Sandra: Glenn Hughes!
Celso: Para não correr o risco de me esquecer de alguém, não vou mencionar nomes.
Tiago: Jerry Cantrell.

Para quem gostariam de abrir um concerto?
Qualquer um dos seguintes: Alice in Chains, Clutch, Tool e Metallica.

Em que palco (nacional ou internacional) gostariam um dia de actuar?
Tiago: Coliseu do Porto... adoro o som daquela sala.
Sandra: Qualquer palco grande! Principalmente ao ar livre. Pode ser… Rock in Rio!
Paulo: Coliseu do Porto.
Ricardo: Terminal 5, Nova Iorque.
Celso: Teatro Sá da Bandeira.

Qual o melhor concerto a que já assistiram?
Ricardo: Tord Gustavsen Trio, Casa das Artes de Famalicão.
Paulo: Iron Maiden, Vilar de Mouros.
Sandra: Queensryche, Aula Magna.
Tiago: Dream Theater.
Celso: Morphine no Hard Club (original)

Que artista ou banda gostavam de ver ao vivo e ainda não tiveram oportunidade?
Sandra: Tool
Paulo: Tool
Ricardo: Alice in Chains
Celso: Jaco Pastorious!
Tiago: Deep Purple

Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de terem nascido) em que gostariam de terem estado presentes?
Celso: Woodstock!
Paulo: Pink Floyd, The Wall
Sandra: Qualquer um de Jeff Buckley.
Tiago: Ilha de Wight 68
Ricardo: Iron Maiden, Long Beach Arena, World Slavery Tour

Qual o vosso guilty pleasure musical?
Tiago: Não consigo bem perceber porquê, mas sempre gostei de música dos anos 80... muita coisa boa se fez.
Sandra: Gosto de Skrillex…
Ricardo: Não tenho.
Celso: Não vou revelar, é segredo.
Paulo: Rihanna.

Projectos para o futuro?
Queremos levar a nossa música mais longe, a mais pessoas e, se possível, lá fora.

Que pergunta gostariam que vos fizessem e nunca foi colocada? E qual a resposta.
Querem vir tocar ao Rock in Rio? E a resposta: Sim!

Que música gostariam que tocasse no vosso funeral?
Celso: Morphine - "Sharks"
Paulo: Uma música qualquer composta por mim.
Tiago: "While My Guitar Gently Weeps".
Ricardo: J S Bach, Air on the G String.
Sandra: "Dream Brother", Jeff Buckley. 

Obrigado pelo tempo despendido, boa sorte para o futuro.

Como sempre terminamos ao som dos nossos convidados, hoje ficamos com o tema "The Moth", primeiro single extra idoneidades do futuro disco, Theory of Perception, com edição prevista para o próximo dia 4 de Março.

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