terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Conversas d'Ouvido com Dom Capaz


Os brasileiros Dom Capaz preparam-se para editar o primeiro LP, Cadeira Vazia, altura ideal para os ficarmos a conhecer um pouco melhor com as habituais questões do Ouvido Alternativo. A banda mineira é composta por Lucas Paiva (voz, guitarra), Vinicius Fontoura (sintetizador), Felipe Maciel (bateria) e Pedro Borges (baixo)... Os Dom Capaz apresentam uma sonoridade rock alternativo, sem descurarem as raízes brasileiras, bem patentes nas influências da bossa-nova. Não percam a seguir a mais recente edição das "Conversas d'Ouvido" pela voz do vocalista Lucas Paiva...


Ouvido Alternativo: Como surgiu a paixão pela música?
Lucas Paiva: A música está presente em minha vida desde sempre. Meu pai gostava muito de música brasileira, samba, bossa-nova e meus irmãos mais velhos ouviam vários artistas nacionais e estrangeiros, tais como Tom Zé, Chico Buarque, David Bowie, Kraftwerk, Nick Cave.
Como surgiu o nome Dom Capaz?
Estávamos ainda em 2005 pelejando para definir um nome, quando fiz uma música que falava de um cara chamado Dom Capaz. Por falta de uma ideia melhor, adotamos como nome da banda.
Como gostam de descrever o vosso estilo musical?
É um tanto difícil descrevê-lo. Arriscaria-me a dizer que é uma mistura de bossa-nova com “brit rock” ou rock alternativo com samba e uma pitada de música eletrónica dos anos 80. 
Preparam-se para editar o vosso primeiro disco “Cadeira Vazia”, já podem levantar o véu sobre o que podemos esperar?
"Cadeira Vazia" será nosso primeiro disco cheio. O álbum tem muitas linhas de baixo na cara, timbres de “synth” anos 80, com letras que falam de desencontros a diálogos sobre temas quotidianos e questões sociais.
Consegues explicar-nos como se desenvolve o vosso processo criativo?
Não tem muito segredo. É mais intuitivo mesmo. Geralmente sento-me ao piano ou pego o violão, arrisco alguns acordes e, quando surge algo interessante, vou para o computador e começo a desenrolar a composição.
Qual a maior vantagem e desvantagem da vida de um músico?
A maior vantagem é manter esse contacto mais próximo com algo capaz de mexer tanto com as pessoas. É tocar em cidades diferentes, conhecer outras visões, outras técnicas e aprender muito. Hoje não vejo grandes desvantagens. A internet facilitou muito o processo de criar coisas novas, gravar um disco, por exemplo, e divulgá-las para quem quiser ouvir.
Quais as tuas maiores influências musicais?
Daqui [do Brasil], eu ouço muito Chico Buarque, Toquinho, Vinicius [de Moraes], Tom Zé. Mas também recebemos bastante influência de Beatles, Radiohead, Bowie, Kraftwerk.
Como preferes ouvir música? CD, Vinil, K-7, Streaming, leitor mp3?
Acho o vinil muito prazeroso, pegar o disco, folhear o encarte. Mas são inegáveis a praticidade e o acesso proporcionados pelos serviços de streaming. Quase tudo que você deseja ouvir está logo ali, na palma da mão, em qualquer lugar.
O streaming está a “matar” ou a “salvar” a música?
Para o consumidor de música, é o que há de melhor no momento. Fácil, barato e com qualidade decente. Para o artista, ainda há bastante espaço para avançar. O modelo oferece a possibilidade de promover uma melhor conexão entre o ouvinte e o artista, remunerando este último adequadamente. Mas esse potencial ainda não está sendo utilizado.
Qual o disco da tua vida?
Acho que o disco que mais me marcou foi OK Computer, dos Radiohead. Aqueles timbres de guitarra, a melancolia das melodias, o desespero. E, aqui no Brasil, Construção, do Chico Buarque.
Qual o último disco que te deixou maravilhado?
Blackstar, do Bowie, sem dúvidas. Uma despedida e tanto.
O que andas a ouvir de momento/Qual a tua mais recente descoberta musical?
Ando ouvindo muita música nova brasileira. O último disco do Cícero é uma ótima pedida.
Com que músico/banda gostarias de efectuar um dueto/parceria?
Ah, vários. Com o próprio Cícero seria uma grande honra. Tem muita gente boa para fazer um som junto.
Para quem gostariam de abrir um concerto?
Tem muitos nomes, obviamente, a maioria no plano do irrealizável. Mas, já que estamos nesse terreno, um nome que é consenso na banda é Radiohead.
Em que palco (nacional ou internacional) gostarias um dia de actuar?
Certamente nos grandes festivais.
Qual o melhor concerto a que já assististe?
Lembro-me muito do Radiohead (de novo) em São Paulo, em 2009. Que show!
Que artista ou banda gostavas de ver ao vivo e ainda não tiveste oportunidade?
Pixies, Atoms For Peace, Arcade Fire, entre vários outros.
Qual o concerto da história (pode ser longínqua, mesmo antes de teres nascido) em que gostarias de ter estado presente?
Em qualquer um dos shows dos Queen.
Projectos para o futuro?
Nosso projecto agora é tocar bastante, viajar muito com o show do Cadeira Vazia e, no ano que vem, lançar disco novo.
Que música gostarias que tocasse no teu funeral?
Acho que dá para chorar bastante com "Where Are We Now?", do Bowie.
Obrigado pelo tempo despendido. Boa sorte para o futuro.
Ficamos agora ao som do single "Atalho", extraído do LP Cadeira Vazia.

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